BRUMA, por Alexandre Sá – Viela de Salvador
O meu nome é Salvador. Sou um varrredor. De rua. Ser varredor de rua é, provavelmente, uma profissão diferente da tua. Não é melhor nem pior. É só mais crua. Começo de madrugada, quando a cidade está nua (sabes, aquela hora da manhã em que olhamos para o céu e vemos o sol e a lua?), e varro. E ouço. Ouço e varro. É o que eu faço. Não dá para comprar um carro, mas também não é nenhum embaraço.
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BRUNA, por Gisela Maria Matos – Beco nº4
Ser ou não ser Bruxa
Eis a questão que me embucha.
Se por um lado, sou capaz
De pôr o tempo a andar para trás
Por outro lado, o que mais quero
É ser normal e valer zero.
São muitas dúvidas, muitas questões.
Ui! Fui eu que provoquei estes trovões?
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BRUTA, por Miguel Branca – Beco nº5
As bruxas não existem. Ponto final.
Nem em Ílhavo, nem em Portugal.
As bruxas não existem! Ponto de exclamação!
Insisto eu, que sou homem de razão.
As bruxas não existem? Ponto de interrogação?
Pois achava eu que não.
As bruxas existem…reticências…
Lá se vão as minhas ciências…
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BRUXA, por Ana Madureira – Beco de S. Salvador
Uma bruxa verdadeira
nos tempos de antigamente
colhia erva-cidreira
e curava um doente.
Mas porque esta curandeira
ofendia a razão
era queimada na fogueira
pela Santa Inquisição.
Hoje tudo é diferente
nem fogueira, nem fogão
dos tempos de antigamente
mas meus caros, atenção!
que quem de outra forma sente
e segue o seu coração
encontra ainda entre a gente
uma grande oposição.
Ontem, hoje e sempre.