ANA MADUREIRA & VAHAN KEROVPYAN

Criações, Infância

BRUMA BRUNA BRUTA BRUXA

Teatro
Todos os públicos

Um varredor, uma adolescente, um médico, uma bruxa. Quatro personagens, quatro vassouras, quatro pontos de vista, quatro histórias entrelaçadas por uma mesma vontade: a de que saia a saia da Bruna, saia a Bruxa da Bruma, saia e desabroche a essência Bruta de cada uma…e de cada um. PUM!
Estreado em Junho de 2023 nos becos do centro histórico de Ílhavo, por encomenda do 23 Milhas para o Festival Rádio Faneca, Bruma Bruna Bruta Bruxa é uma reflexão poética, provocadora e humorística sobre a temática das bruxas — e a marginalidade em geral. Pretende celebrar o mistério e resgatar o lugar, a beleza e o poder da mulher intuitiva, em particular a que desenvolve certo dom e adquire o conhecimento necessário para o usar a favor dos outros e de si mesma, contra a desconfiança e o cepticismo de quase todo o mundo.

BRUMA, por Alexandre SáViela de Salvador

O meu nome é Salvador. Sou um varrredor. De rua. Ser varredor de rua é, provavelmente, uma profissão diferente da tua. Não é melhor nem pior. É só mais crua. Começo de madrugada, quando a cidade está nua (sabes, aquela hora da manhã em que olhamos para o céu e vemos o sol e a lua?), e varro. E ouço. Ouço e varro. É o que eu faço. Não dá para comprar um carro, mas também não é nenhum embaraço.

BRUNA, por Gisela Maria MatosBeco nº4

Ser ou não ser Bruxa

Eis a questão que me embucha.

Se por um lado, sou capaz

De pôr o tempo a andar para trás

Por outro lado, o que mais quero

É ser normal e valer zero.

São muitas dúvidas, muitas questões.

Ui! Fui eu que provoquei estes trovões?

BRUTA, por Miguel BrancaBeco nº5

As bruxas não existem. Ponto final.

Nem em Ílhavo, nem em Portugal.

As bruxas não existem! Ponto de exclamação!

Insisto eu, que sou homem de razão.

As bruxas não existem? Ponto de interrogação?

Pois achava eu que não.

As bruxas existem…reticências…

Lá se vão as minhas ciências…

BRUXA, por Ana Madureira – Beco de S. Salvador

Uma bruxa verdadeira

nos tempos de antigamente

colhia erva-cidreira

e curava um doente.

Mas porque esta curandeira

ofendia a razão

era queimada na fogueira

pela Santa Inquisição.

Hoje tudo é diferente

nem fogueira, nem fogão

dos tempos de antigamente

mas meus caros, atenção!

que quem de outra forma sente

e segue o seu coração

encontra ainda entre a gente

uma grande oposição.

Ontem, hoje e sempre.

Cocriação, textos e interpretação:
Alexandre Sá, Ana Madureira, Gisela Maria Matos, Miguel Branca
Direcção:
Ana Madureira
Apoio à criação:
Vahan Kerovpyan
Produção:
Ana Madureira
Coprodução:
23 milhas
Apoio à produção:
Ervilha no Topo do Bolo
Uma encomenda 23 Milhas para o Festival Rádio Faneca
Agradecimento especial:
Cátia Faísco
foto: © Mariana Silva