Tomando por pontos de partida as obras de Gaston Bachelard e Louise Bourgeois, chegamos a um conjunto de palavras-chave que nos servem de guia: casas abandonadas, suspensas no tempo, reocupadas pela natureza. Casas que se abriram ao céu, casas que ganharam raízes. Abrigos, refúgios, casulos, ventres. Mulheres-casa-mãe. Fiadeiras e tecedeiras. Aranhas, ovelhas, bichos-da-seda. Fios e novelos. Dobadoiras e teares. Cantos de trabalho. Canções de embalar. Baloiços em sonhos imensos. Sonhos de mar e sal. Sonhos com ninhos de pássaros.
Um concerto-encenado, uma projecção vídeo e várias instalações são os modos que escolhemos para abordar estas temáticas. O cruzamento de várias linguagens artísticas – teatro físico, dança, artes plásticas, música, vídeo – está então na base deste nosso teatro de imagens próximo da poesia.
Com uma componente deambulatória, “Casa-Abrigo” tece fortes relações com o espaço que a acolhe. Cada lugar há-de torná-la um acontecimento único. A recriação contínua é, pois, uma das marcas do espectáculo.