ANA MADUREIRA & VAHAN KEROVPYAN

Criações, Infância

QUERO UM PIANO

EM CRIAÇÃO
Teatro
Todos os públicos

Uma pessoa, uma língua, um piano e um kanun. A língua corre perigo, o kanun também, a pessoa quer salvá-los, mas também quer um piano, e é a língua que salva a pessoa quando esta corre perigo. Alguém entende esta língua estranha? 
Músicas e línguas, passos de dança, micro-tons orientais, meios-tons ocidentais, meias-palavras e personagens sem meias convidam-nos a cuidar dos micro-tons que temos em nós, e a saber ver e ouvir as tonalidades dos outros.

 

O Vahan conta:

“O piano é um instrumento preto e branco. Não se pode tocar entre as notas. A nuance vem de quem toca ou canta por cima.

O meu pai nunca gostou de pianos, apesar de ter um no meio da sala. As pessoas acham que o piano é um instrumento erudito e civilizado. O meu pai toca kanun. O kanun, de tradição modal, é um instrumento que pode fazer ressoar inúmeros micro-tons, ou seja notas que existem entre os meios-tons do piano. O meu pai contou-me que na Arménia se arrancaram, nos tempos soviéticos, os micro-tons ao kanun, para que neste só se possa tocar a escala do piano. Num país que se diz civilizado, os micro-tons não têm direito de existir. O meu pai dedicou a sua vida a dar-lhes refúgio em nossa casa. Eu também aprendi a conhecê-los e a cuidar deles.”

 

Criação, texto, música, interpretação:
Ana Madureira e Vahan Kerovpyan
Luz:
Mariana Figueroa
Som:
a definir
Cenografia:
a definir
Residências de criação:
Teatro Viriato, Amarelo Silvestre, Teatro da Cerca de S. Bernardo